sábado, 27 de novembro de 2010

Boa noite leitores...

AAAAHHHHH... não me batam!!!

É... eu sei que tem séculos que não escrevo algo pessoal aqui... apenas textos de ctrl+c e ctrl+v (modéstia à parte, bem selecionados), mas o que acontece é que estava sem tempo... quer dizer...ainda estou sem, mas resolvi tirar um para poder escrever...

Então, já que a moda é postar uma música.. vamos lá para "Balada do Louco" na voz de Ney Matogrosso...



Em primeiro momento, nesse post, gostaria de agradecer a todos os professores por tudo que ocorreu nesses três anos. Sei que houveram momentos de stress, desavenças, discussões, mas compreendamos que faz parte da aprendizagem.

As vezes palavras duras num instante, talvez mal compreendidas, foram melhor interpretadas mais a frente, ajudando no desenvolvimento do aluno, ou até mesmo do professor... não dizem por ai que os mestres também aprendem com seus discípulos?

Mas então, para aqueles professores que eu sei que tem acesso ao blog, como nossas comunicações serão raras daqui em diante, gostaria que começassem a comentar aqui no blog, sendo uma forma de nos comunicar... Não importa, pode ser um oi, uma notícia, alguma propaganda, alguma crítica, sei lá... escrevam, kkkkkk... sempre lerei e ficarei contente...


Em segundo lugar, gostaria de divulgar o blog de um amigo, recente ainda, mas que já dá para perceber que será de máxima qualidade, até mesmo por sua inteligencia.. Don Vito: Palavrão - Provérbios para Refletir

----------------------------------------------





O atual jovem vem mudando... não tem mais as mesmas preocupações do que o jovem de 10 anos atrás, como é possivel reparar no gráfico acima, colocado como texto motivador da prova de 1ª fase do vestibular da unicamp 2011

Mas esses valores são apenas exemplos... o que importa para mim nesse texto hoje, é o momento pelo qual eu passo. Final de Ensino Médio...

Ontem, eu estava respondendo perguntas para o recadastramento de servidores, aposentados e pensionistas do GDF, quando me perguntaram: "Qual o seu grau de escolaridade?". Ai veio até minha cabeça o questionamento: "o que responder?" Ainda não tinha estado em minha cabeça, que agora eu tenho ENSINO MÉDIO COMPLETO, e nem em que isso influenciava.

Completar ensino mpedio, atingir maior idade, implicam em ingressar em uma universidade, começar a pensar em trabalhar, saber que aquela vidinha de papai sustentando não é pra sempre... são idéias que já devemos ter preparadas em nosso consciente para poder ingressar na vida... Caso o contrário, você apanha daquele que está melhor preparado , e que ainda te empurra para base da pirâmide para você poder sustentá-la enquanto ele fica no topo aproveitando a boa vida.

é a falta de preparo para encarar a vida que leva ao desinteresse, desqualificação, falta de sucesso. Pensam que a casa do papai e para sempre. Enquanto tem o outro na sua frente, pensando alto, fazendo planos, e encarando a realidade...

Reflitam!

Ganhar suas próprias pernas é importante... Ande sozinho, e não dependa dos outros para viver. Mas ao mesmo tempo, procure não ser mais um com pernas, e sim o mais forte. Aquele que faz a diferença!

sábado, 20 de novembro de 2010

Em homenagem a minha amiga que recomendou o livro...

A PALAVRA "amor" não tem em absoluto o mesmo sentido para um e outro sexo. E é isso uma fonte dos graves mal-entendidos que os separam. Byron disse, justamente, que o amor é apenas uma ocupação na vida do homem, ao passo que é a própria vida da mulher. É a mesma idéia que exprime Nietzsche em Gaia Ciência:

A mesma palavra amor, diz, significa com efeito duas coisas diferentes para o homem e para a mulher. O que a mulher entende por amor é bastante claro: não é apenas a dedicação, é um dom total de corpo e alma, sem restrição, sem nenhuma atenção para o que quer que seja. É essa ausência de condição que faz de seu amor uma fé, a única que ela tem. Quanto ao homem, se ama uma mulher é esse amor que quer dela; êle está portanto muito longe de postular para si o mesmo sentimento que para a mulher; se houvesse homens queexperimentassem também esse desejo de abandono total, por certo não seriam homens.


Fonte: Simone de Beauvoir - O Segundo Sexo - A Experiência de Vida p.411 - Terceira Parte - Capítulo II - A Amorosa

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Olho de menino triste

Duas pessoas que não conheço dialogam no ônibus e participo, em silêncio, ouvindo e pensando. Adorável conversa a três na qual apenas dois falam.
M-1 é a moça um. M-2 é a moça dois, a interlocutora. A-T sou eu. Elas conversavam, eu ouvia e pensava.


M-1 – Nada me comove mais que olho de menino triste. Você não tem vontade de chorar?

M-2 – Ah, minha filha, eu nem olho muito. De triste já chega a vida. Finjo que não vejo e só reparo os
meninos alegres, aqueles comunicativos. Criança, para mim, tem que ser feito aquelas dos anúncios: sempre perfeitas, fortes, gordas, engraçadinhas e modelares.

M-1 – Também acho, mas quando vejo uma criança de olho triste, não consigo me desligar do que ela estará pedindo sem falar. Fico numa agonia danada querendo adivinhar qual é o seu problema. Tenho certeza de que ninguém alcança.

A-T – Não adianta, moça. O inconsciente humano, assim como carrega o passado do homem e da espécie,
também tem germens de antecipação do futuro. As dores da humanidade, presentes, passadas e por vir, já
acompanham algumas pessoas. E modelam seus rostos, olhos e mensagens corporais silenciosas...

M-2 – Deixa isso pra lá. A gente não vai salvar o mundo, mesmo. Se você ficar sempre olhando o lado triste quem acaba na fossa é você e sem nenhum proveito. Fossa pega, menina. E quem fica na fossa não tira ninguém dela. Sei lá. Se você ficar triste, por causa dele, o menino de olho triste vai ficar mais triste ainda.

M-1 – Pode ser que você tenha razão. Mas se fico negando a parte triste e transformo tudo em alegria, tenho a sensação de estar enganando minhas crianças (nessa hora, percebi que ambas eram professoras). O que é que vou fazer, se lá no colégio sinto mais simpatia pelos que ficam quietinhos, morrendo de medo dos outros, loucos de vontade de brincar mas sem coragem de se enturmar.

A-T – Esses vão ser assim sempre. Claro que terão, na mocidade, um período de reação, no qual tentarão se extroverter e nesse afã seguramente hão de exagerar. Lentamente, porém, como um rio após a enchente, voltarão para o leito de sua disposição inata e seguirão pela vida sempre olhando os brinquedos do lado de fora da vitrina.

M-2 – Bobagem sua. Com jeito, você pode ir atraindo os mais encabulados para a brincadeira dos outros. Se eles sentem que você está com peninha, nunca vão reagir. Vão é se basear na sua pena para ficar ainda mais tristes.

M-1 – E você pensa que não tenho tentado? É que observei que os meninos tristes, mesmo quando incentivados a brincar com os demais, acabam voltando ao que são, dentro da brincadeira. Os mais alegres e soltos sempre levam a melhor. Fico pensando se não seria o caso de se inventar uma pedagogia especial para a sensibilidade. Não há currículo? Não há nota? Não há teste de inteligência e de habilidades psicomotoras? Se tudo isso é importante, por que a escola não inventa, também, um tipo de currículo ou de pedagogia ou até mesmo escolas especiais para as crianças mais sensíveis? Acho que, se a gente consegue integrá-las na média, mais do que educando estará é violentando uma parte boa delas. Você não acha?

M-2 – Não acho, não. Se a escola conseguir formar e aprimorar sensibilidades, você acha que depois, na vida aqui de fora, haverá a mesma compreensão para os sensíveis? Essa não. Não é o mundo que tem que se adaptar às pessoas. Elas é que têm que se adaptar ao mundo.

A-T – Estava na hora de saltar. Desci feliz. Uma conversa como esta, de duas professoras, mostra que o mundo pode ser salvo. Mas fiquei pensando: talvez sejam os meninos tristes que o salvarão, sempre que a escola, um dia, os entenda e aprenda a cuidar-lhes sensibilidade e emoção da mesma maneira que se lhes aprimora a inteligência. Mas pedagogias à parte: haverá algo mais apatetante, culposo e dolorido que menino de olho triste?

(Artur da Távola. Mevitevendo (Crônicas). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996: 25-27.)